Não sendo, de todo, um livro fantástico, tem uma leitura leve e agradável que nos permite lê-lo com prazer. Tal como o próprio autor refere, é um "ensaio sobre a solidão", onde as personagens, Pedro e Alice, vivem tão centradas em si mesmas que quase não se encontram mais personagens (pelo menos nenhuma com um desenvolvimento psicológico denso)
. E, na minha opinião, peca por isso. Torna-o numa história de amor barata e igual a tantas outras, quando Pedro Rodrigues (cujo blogue acompanho há já algum tempo) tem capacidade para bastante mais.
Gostei do título. Sugestivo, aponta para o facto de a personagem Pedro (que me parece que acaba por ser um modelo do autor, copiando-o até no nome) pretender também um dia escrever um livro para o qual já escolheu um título; precisamente: "Eu hei de amar uma puta".
No entanto, é de notar que este é o primeiro grande trabalho do autor, e por isso merece reconhecimento. Espero que, ao longo dos tempos, consiga melhorar a sua já bela escrita e nos presenteie com uma obra que ultrapasse o mediano e que prove que há muitos jovens portugueses com demasiado talento para ficarem esquecidos.
Algo entre um sorriso e um suspiro soltou-se da face dela. Argumentou
-A vida não é uma puta, nós é que somos. Aqui andamos: vivemos, amamos, odiamos, encontramo-nos, perdemo-nos. Aqui andamos a ser fodidos pela vida e o pior é que gostamos. Arranjamos sempre maneira de falar mal dela, mas a verdade é que não temos coragem para acabar com ela. E quando a vemos a fugir-nos pelos dedos pedimos aos anjos e aos santos só mais cinco minutos."
Pedro Rodrigues - Eu hei de amar uma puta
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