segunda-feira, 7 de abril de 2014

Das saudades que já apertam.

Morreu ontem a minha bisavó. Morreu a minha avó A., tão avó, tão sem necessidade do "bi" que só confere distância ao parentesco. Morreu a minha avó e morreu um bocadinho de mim com ela. Morreram os natais encantados em que toda a família se juntava numa sala minúscula, bem apertadinhos, e em que mais nada importava. Morreu um bocadinho da memória dos olhos brilhantes dos meus primos pequeninos por verem chegar o Pai Natal que, naquela casa, já encarnou no meu bisavô, no meu pai, e nos meus primos mais velhos. Gerações de Pais Natal com um único intuito, o de ver crianças felizes ao tocar da campainha na noite de Natal. Morreu a mulher mais forte que já conheci, a que ultrapassou mais adversidades em 20 anos com um sorriso na cara do que imaginei ser possível. Agora, no fim, disse que estava cansada de lutar. Compreendo-a. Afinal, 93 anos é uma idade considerável (a quantidade de vezes que ouvi isto este fim de semana...). Mas não faz com que doa menos, não. Morreu a minha bisavó, tão avó, e aprendi que o coração vai perdendo bocadinhos.

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